O rompimento de uma barragem de rejeitos da
empresa Samarco/Vale, em Mariana, a 116 km da capital mineira, tomou proporções
épicas. Com um saldo até agora de 2 mortos mais 28 desaparecidos, sendo três
crianças, os danos ambientais são incalculáveis e certamente ultrapassarão os
limites do Estado de Minas Gerais, chegando até o Espírito Santo.
Um tsunami
de rejeito de minério proveniente de duas barragens de rejeito invadiu o
distrito de Bento Rodrigues, na cidade histórica de Mariana, e já deixou cerca
de 500 desabrigados. Enquanto a lama avançava sobre as casas, carros e toda a
comunidade, era preciso correr para sobreviver e ajudar a salvar parentes,
amigos e vizinhos. Sem um alerta sonoro ou um plano de emergência para salvar
quem estava à jusante, os danos à vida são incomensuráveis.
É cedo ainda para afirmar o que houve, mas o
certo é que, se uma empresa como a Samarco - que tem a BHP como operadora da
mina e a Vale como acionista, com 50% - não é capaz de evitar e tão pouco gerenciar
os riscos e danos de suas barragens de rejeito, o que podemos pensar de outras
mineradoras que não operam em países com alto padrão operacional, como Austrália
e Canadá?
Seja qual for o motivo da ruptura dessas
barragens, um acidente dessa proporção não poderia ter acontecido. Não
interessa se foi falha técnica, humana ou fenômeno da natureza, o fato é que a
empresa deveria garantir, acima de qualquer circunstância, a segurança das
pessoas que estão à jusante da barragem.
A ONG Abrace a Serra da Moeda manifesta sua
solidariedade às vítimas dessa tragédia e se coloca à disposição para ajudar no
que for preciso para enfrentar as consequências dsse ato delinquente com o povo
mineiro. Esperamos que esse acidente seja para o Poder Público um marco na sua mudança
de postura com relação às mineradoras –marcada pela subserviência- e que os culpados sejam
responsabilizados de forma exemplar.