BIODIVERSIDADE



A Serra da Moeda está localizada no complexo denominado Serra do Espinhaço, que recebeu o título de Reserva da Biosfera pela UNESCO, em 2005. Trata-se de uma cadeia montanhosa que atravessa de norte a sul os Estados da Bahia e de Minas Gerais. As variações altitudinais são entre 700 e 2000 m acima do nível do mar e está situado na região das nascentes dos rios das Velhas (a leste) e Paraopeba (a oeste), ambas afluentes do Rio São Francisco. Ocupa uma região estratégica em relação aos recursos hídricos da Região Metropolitana de Belo Horizonte. Segundo o Mapa de Biomas do Brasil a área afetada pelo empreendimento da mina Serrinha encontra-se inserida nos limites do bioma da Mata Atlântica com o bioma do Cerrado, chamadas zonas de transição.

Os especialistas são unânimes ao afirmarem que as regiões serranas são uma das áreas mais frágeis do planeta e vêm sendo permanentemente degradadas. Seus recursos, em especial a água e biodiversidade, são fundamentais para a qualidade de vida da população. As variações de altitude, solo, clima e vegetação, em curtas distâncias, são propícias à ocorrência de ecossistemas variados de grande biodiversidade e endemismos, motivo para serem consideradas pelos especialistas “centros de biodiversidade”.

Há ainda poucos levantamentos de flora, fauna e demais estudos ecológicos específicos na área da Serra da Moeda, especialmente na região afetada pelo empreendimento da mina Serrinha. Contudo, estudos realizados em razão do Parque do Rola Moça, Parque de Moeda e áreas de entorno, da qual a Serra da Moeda faz parte, fornecem subsídios para relevar a importância do ecossistema da região afetada pelo empreendimento. O fato é que as informações colhidas são suficientes para atestar a importância ecológica da Serra da Moeda como um todo e a necessidade, urgente, de estudos e políticas publicas de preservação integral

A sua proximidade do Centro Metropolitano de Belo Horizonte também lhe confere importância especial para a manutenção da qualidade de vida destes centros urbanos, possuindo singular valor para o bem-estar da sociedade. A vegetação, principalmente as matas, auxilia na filtragem das partículas e poluentes do ar. Seus tipos de solos propiciam a permeabilidade, filtrando e absorvendo a água que abastece os mananciais hídricos essenciais ao abastecimento dos municípios do entorno e de Belo Horizonte. .

A região da Cadeia do Espinhaço, embora seja considerado um dos centros de endemismo reconhecidos no Brasil e no exterior, possui um baixo número de áreas protegidas. Verifica-se que no Espinhaço o percentual de proteção integral, através de unidades de conservação, é de apenas 2,6% para uma área de mais de 18 milhões de hectares.


Nesse contexto, conclui-se que o almejado meio ambiente ecologicamente equilibrado somente existe na teoria. O conceito desenvolvimento sustentável tem tido sentidos perversos e justificadores de verdadeiras barbáries ambientais e sociais. Cita-se, por exemplo, no Estado de Minas Gerais, a situação de calamidade como em Itabira, Conceição do Mato Dentro e tantas outras mais. Há uma cultura política de supervalorização dos interesses financeiros, em detrimento da dignidade e vontade das pessoas afetadas por tais empreendimentos.



[1] HTTP://www.montanhasbrasil.org.br/ano.htm
[2] Patrimônio Natural-Cultural e Zoneamento Ecológico-Econômico da Serra da Moeda: uma contribuição para sua conservação. Belo Horizonte: Brandt Meio Ambiente, 2008, v. 1º vol
[3] Idem.
[4] Joaquim de Araújo Silva, Ricardo Bomfim Machado, Alexsander Araújo Azevedo, etc. Identificação de áreas insubstituíveis para conservação da Cadeia do Espinhaço, estados de Minas Gerais e Bahia, Brasil.