1º LIMPE A SERRA DA MOEDA

Mais uma vez mobilizados pela proteção da Serra da Moeda, moradores de diversas comunidades da encosta, condôminos, empresários e ambientalistas se reuniram para um ato em defesa da montanha e do vale. Aconteceu no dia 3 de dezembro o 1º Limpe a Serra, um grande mutirão para limpar a região dos inúmeros dejetos que, lamentavelmente, recebe cotidianamente.
Ainda era cedo quando os voluntários se reuniram na rampa de decolagem, no topo da montanha, para iniciar os trabalhos de coleta dos resíduos, que se estendeu até o início da tarde. Já no ponto de partida, onde a suntuosidade e a riqueza natural da Serra da Moeda são exuberantes, foram recolhidos centenas de exemplares de resíduos inorgânicos que se espalhavam pela vegetação local. Latas de cerveja, garrafas de vidro, pets, latas de tinta, restos de construção e entulhos diversos se misturavam às bromélias, canelas-de-ema, orquídeas e outras raras espécies da flora endêmica da região. 
Após recolherem um volume significativo de lixo no entorno da rampa de decolagem e do Restaurante Topo do Mundo, o grupo seguiu em direção ao Córrego Ferreira, pela rua Rui Barbosa. Nas adjacências da descida que dá acesso ao vale, foram recolhidos mais de 30 sacos de lixo que reuniram itens curiosos como um telefone de orelhão, jarra de suco, pedaços diversos de carro, potes de iogurte e, outra vez, dezenas de latinhas de alumínio, deliberadamente atiradas por motoristas e passageiros que passam pela via. A totalidade de lixo acumulada pela equipe somou mais 2.000 litros de lixo, o que perfez duas caçambas repletas de dejetos. Os materiais recicláveis foram encaminhados para a ASCAVAP- Associação dos Catadores de Materiais Recicláveis de Brumadinho- e os demais resíduos foram destinados à limpeza urbana da Prefeitura.
Ao final, o grupo plantou mudas de árvores em Córrego Ferreira, outra ação pela proteção da biodiversidade local.
Além de contribuir para a despoluição da Serra da Moeda, a iniciativa teve uma faceta simbólica, buscando também chamar atenção para a necessidade de se “varrer” da região tudo aquilo que a degrada. “Queremos limpar a Serra dos riscos concretos à preservação da montanha e do vale, como os trazidos pelos empreendimentos minerários e imobiliários”, ressalta Beatriz Vignolo, presidente da ONG Abrace a Serra da Moeda, uma das responsáveis pela mobilização do Limpe a Serra.
A organização quis reforçar, ainda, a necessidade de criação do Monumento Natural da Mãe D’Água, pleiteado pelas comunidades no projeto de lei 28/2011 que tramita na Câmara Municipal de Brumadinho.
Lixo: um problema de todos

O lixo é, sem dúvida, um dos aspectos mais problemáticos da vida no planeta e, na região da Serra da Moeda, não é diferente.
Espalhados pelas ruas ou dispensados em córregos e terrenos vagos, os resíduos produzidos por moradores e visitantes formam, frequentemente, um cenário destoante da beleza natural existente ali.
Dentre as inúmeras causas que contribuem para a conformação deste cenário, está a pouca consciência acerca dos problemas ambientais por parte de alguns moradores, comerciantes e turistas, que negligenciam o destino do lixo produzido, bem como a ausência de uma política pública municipal eficaz voltada à gestão dos resíduos.
No interior de Brumadinho não é vista sequer uma lata de lixo ao longo das vias públicas e a coleta municipal, em algumas regiões, é feita apenas uma vez por semana, número insuficiente para atender o volume de detrito produzido, sobretudo nos tempos atuais, em que a região recebe um número cada vez crescente de turistas e empreendimentos comerciais.
Tendo em vista que o lixo provoca a poluição e a contaminação do solo e da água, promove a liberação de gases do efeito estufa e desencadeia a proliferação de insetos transmissores de doenças, como a temida dengue, ele é hoje uma das principais ameaças à saúde ambiental e humana.
É por isso que requer, amiúde, iniciativas dessa natureza, como o Limpe a Serra. Mas mais do que isso, exige, com muita urgência, responsabilidade por parte de cada um da sociedade e, especialmente, um comprometimento efetivo do poder público.


Por Ana Amélia Lage Martins Matéria originalmente publicada no Caderno Por Dentro Do Vale, novembro de 2011.