MAIS DE 600 MORADORES DE BRUMADINHO DISCUTEM OS IMPACTOS DO ROMPIMENTO DA BARRAGEM DE REJEITO DA VALE S/A




Organizada pelas associações comunitárias, Ongs e entidades representativas, a reunião contou com a presença de centenas de pessoas nesse domingo, 10, no Distrito de Aranha.

Domingo, dia 10/03, às 9h30, na quadra coberta de Aranha, foi realizada uma reunião entre moradores de Brumadinho, atingidos pelo rompimento da Barragem da Vale no Córrego do Feijão, que estão isolados da sede do Município há 45 dias. Com a presença da Defensoria Pública de Minas Gerais, do Prefeito de Brumadinho e vereadores, as associações e moradores apresentaram suas insatisfações com os desdobramentos desse desastre criminoso da Vale.
Foram tirados os seguintes encaminhamentos da reunião que serão apresentados formalmente ao Estado de Minas Gerais, Ministério Público Estadual e Federal, Defensoria Pública e anexado na ação de ações emergências da Vale, com a lista de presença.
1-              Exigir a liberação, em até 48 horas, de acesso alternativo seguro, com abertura ou melhoria de estradas alternativas com implantação de transporte de passageiros. A população propõe a implantação de vagões saindo de Casinha e Maçangano e parando em todas as comunidades por onde passa o trilho de trem (que pertence à Vale/MRS) até a sede do Município, com a local adequado para transporte de passageiros e de mantimentos. Também a construção de ponte, com passagem de passageiros segura, em Melo Franco, com a ampliação dos horários de ônibus e local adequado que permita o transporte de mantimentos. O Prefeito de Brumadinho comprometeu-se a enviar um ofício para a VALE exigindo a liberação em até 48 horas de acesso alternativo seguro para as comunidades do interior.
2-              Implantação imediata de ambulâncias 24 horas, com medicação, em todas as localidades de Brumadinho, pois há relatos de mortes por atraso no socorro, devido à interdição da estrada pela Barragem da VALE.
3-              Ponto de apoio psicológico gratuito nas diversas localidades do interior, diante dos abalos emocionais vivenciado por toda a população de Brumadinho;
4-               Ponto de apoio em cada localidade de Brumadinho para coleta dos formulários com dados pessoais e bancários para o pagamento emergencial, que segundo foi esclarecido na reunião, trata-se de adiantamento de indenização. Solicita-se que seja dada ampla divulgação dos procedimentos, sendo que muitos manifestaram insatisfação, pois essa coleta de informações tem que ser feita em cada comunidade, pela própria Vale ou empresa contratada, com acompanhamento da Defensoria Pública. As comunidades, associações não podem ficar com essa responsabilidade, haja vista que determinadas comunidades possuem mais de uma entidade representativa e isso pode acarretar problemas, além da segurança de informações confidenciais das pessoas não ser colocada em risco.
5-              Que sejam ampliadas as rotas dos ônibus da APAE, pois, em razão da interdição da estrada, há apenas um ônibus, que sai às 5h da manhã e precisa contornar todo o interior antes para depois seguir para a sede.
6-              Que seja esclarecido se o pagamento de 20 milhões para o Município de Brumadinho realizado pela Vale no dia 26-02 se refere a doação ou adiantamento do CFEM que seria devido, caso a empresa não tivesse paralisado as atividades.
7-              Ampliar a presença da Polícia Militar no interior de Brumadinho, pois as localidades estão completamente desassistidas em termos de segurança pública. Solicitam ainda urbanidade no tratamento com os moradores de Brumadinho, atingidos pelo Crime da Vale.
8-              Reivindicações constantes no Manifesto da reunião de 24-02, incluído o estabelecimento de ações que fortaleçam as associações e atores locais de Brumadinho.  
9-              Sobre as assessorias técnicas, foi informado à população atingida terá assessoria técnica a ser indicada pelas instituições (Estado de Minas, Ministério Público e Defensorias). Contudo, foi demonstrada insatisfação sobre esse processo que não está sendo transparente. Sendo assim, questiona-se às instituições envolvidas: (1) os resultados já obtidos pelas Assessorias Técnicas contratadas na Bacia do Rio Doce (para a efetivação de direitos das populações atingidas); (2) a sua vinculação com os Movimentos Sociais, com as igrejas e partidos políticos; (3) os valores financiados para a realização dos trabalhos, dentre outros importantes pontos.