COCA-COLA AMEAÇA INTERROMPER ABASTECIMENTO DE ÁGUA EM COMUNIDADE DE BRUMADINHO-MG.


Em decorrência dos prováveis impactos da fábrica sobre as nascentes de água que abasteciam centenas de famílias, a multinacional há 9 meses fornece água por caminhões pipa para famílias de Brumadinho.

Com a presença de membros da comunidade, representantes de associações e autoridades locais, como o Vereador Vanilson-Geada, o Secretário de Meio Ambiente, Marcos Paulo Amabis, e o Secretário de Ação Social, Valcir Martins, foi realizada ontem, dia 18/01, reunião na comunidade de Campinho, em Brumadinho-MG, que discutiu a continuidade de fornecimento de caminhões pipa e os impactos da operação dos poços de água que abastecem a Fábrica da Coca Cola, em Itabirito, sobre nascentes localizadas no Monumento Natural da Mãe D’água, em Brumadinho, e que abasteciam mais de 200 famílias situadas na encosta da Serra da Moeda.

A empresa, desde maio de 2016, envia 4 caminhões pipa por dia para prover o abastecimento de Campinho, em razão da notável coincidência entre a queda na vazão dessas nascentes que abasteciam a comunidade e o início da operação dos poços de água que servem à fábrica de refrigerantes. Ocorre que o contrato com a empresa que transporta a água vence dia 24/01/2017 e a Coca Cola pretende interromper o abastecimento por entender que se trata de um problema do governo municipal de Brumadinho.

Não obstante a ausência de estudos técnicos conclusivos e prévios que avaliassem os possíveis impactos da fábrica de refrigerantes sobre esse aquífero, a Coca Cola e SAAE (Serviço de Água e Esgoto de Itabirito) se defenderam alegando que não há qualquer evidência científica que comprove que são os poços que abastecem a Fábrica os responsáveis pelo esgotamento da nascente de Campinho, embora estejam a poucas centenas de metros de distância das nascentes que secaram.

Ocorre que o estudo técnico preliminar apresentando pela própria empresa afirma que "Há incerteza (ausência de informações) quanto ao contexto geológico-estrutural da região em que se encontra a fábrica, o que precisaria ser minimizado por meio de levantamentos adicionais".

Destaca-se que, somente após o esgotamento da nascente de Campinho e denúncias da ONG Abrace a Serra da Moeda, que a empresa se prontificou a financiar estudos hidrogeológicos para a região. No entanto até hoje se nega a estudar uma alternativa locacional para os poços.

Se não existem estudos técnicos prévios e confiáveis que demonstrem a disponibilidade hídrica real da região - o que pode ocasionar a escassez de recursos hídricos no município de Brumadinho – há que se invocar o princípio ambiental da precaução, garantia contra os riscos potenciais de determinada atividade ou empreendimento e aplicável em caso de empreendimentos de significativo impacto. Define esse princípio que, se inexiste certeza científica quanto aos efetivos danos de determinado empreendimento e, ainda, havendo probabilidade de ocorrência, o empreendedor deverá ser compelido a adotar medidas de precaução para reduzir os riscos ambientais para a população. É por isso que se diz que a incerteza científica milita em favor do meio ambiente.

O Secretário de Meio Ambiente de Brumadinho, presente na reunião, solicitou que a empresa Coca Cola garanta a continuidade e abastecimento por caminhões pipa até que uma solução estrutural para o problema seja definida. A empresa se comprometeu a encaminhar o pedido internamente e dar uma resposta o mais rápido possível.