PEDIDO DE ANUÊNCIA DA CSUL – MEGA-PROJETO IMOBILIÁRIO - É RETIRADO DE PAUTA PELO CONSELHO DA APA-SUL




Hoje, segunda-feira, dia 28/11/2016, aconteceu a 53ª Reunião Extraordinária do Conselho Consultivo da APA SUL RMBH, na sede do Parque Rola Moça, que tinha como um dos itens de pauta o pedido de anuência ao conselho da APASUL (Área de Proteção Ambiental da região sul da RMBH) para o projeto urbanístico CSul.

Trata-se de um mega empreendimento imobiliário que pretende ser instalado no entorno da Lagoa dos Ingleses, em Nova-Lima, e prevê uma ocupação na estrutura geológica conhecida como Sinclinal da Moeda de mais de 200 mil pessoas nos próximos 50 anos, com uma demanda de mais de 600.000m3 de água por mês.

A ONG Abrace a Serra da Moeda, nessa reunião, fez requerimento formal de retirada de pauta do pedido de anuência ao Presidente do Conselho, o que foi indeferido incialmente. Contudo, após recurso oral da Associação para a Proteção Ambiental do Vale do Mutuca- ProMutuca, contra essa decisão, o Presidente do Conselho, em juízo de retratação, concedeu efeito suspensivo ao recurso da sociedade civil, o que culminou com a retirada de pauta do processo de anuência na APA-SUL.

Na sequência, caberá ao Diretor Geral do IEF (Instituto Estadual de Florestas) decidir se o processo deve ou não ser mantido na pauta mesmo com omissões técnicas graves que impedem a análise do dano ambiental e hídrico. O presidente do Conselho da APASUL, em sua manifestação no Conselho, informou que também irá remeter ofício à SEMAD, IGAM, Comitês de Bacias do Rio Paraopeba e Velhas para que prestem mais informações sobre o caso.

A ONG Abrace a Serra da Moeda considera o resultado da reunião como positivo, mas espera que o desfecho seja pela exigência por parte do órgão ambiental competente de estudos de impactos ambientais e hídricos que correspondam à realidade da área afetada.

Entenda mais o caso

Tendo como área de influência os municípios de Nova-Lima, Brumadinho e Itabirito, a área do empreendimento causará impactos diretos sobre as nascentes do Monumento Natural da Mãe D’água (unidade de conservação de proteção integral), localizado na Serra da Moeda, em Brumadinho, responsável por abastecer diretamente mais de 10 mil famílias.

É incontroverso que o empreendimento demandará uma grande quantidade de água para abastecimento humano, contudo sua sustentabilidade hídrica fica comprometida com a ausência de estudos técnicos prévios que demonstrem a realidade da região.

O órgão ambiental, embora ciente da insuficiência de estudos e potencial de dano sobre o aquífero, emitiu parecer pelo deferimento da licença ambiental, comprometendo a sustentabilidade dos recursos hídricos da bacia do rio Paraopeba e Velhas.

O Ministério Público, por sua vez, através de seu órgão de apoio técnico, emitiu laudo em que apontou equívocos graves no estudo de disponibilidade hídrica do empreendimento, tendo se pronunciado pela não concessão de licença prévia ambiental sem que sejam sanadas as irregularidades apontadas, que coincidem com os estudos já efetuados pelos técnicos colaboradores da ONG Abrace a Serra da Moeda.