CERCA DE 10 MIL PESSOAS ABRAÇARAM A SERRA DA MOEDA


Um abraço simbólico em favor da preservação da Serra da Moeda, em Brumadinho, MG, reuniu cerca de 10 mil pessoas neste domingo, 21 de abril. Este foi o 6º ano consecutivo que a ONG Abrace a Serra da Moeda promoveu o evento para chamar a atenção para a urgência de proteção da montanha, seu patrimônio natural e cultural, hoje ameaçados com a expansão da atividade mineraria na região.
Este ano a grande novidade foi o Decreto nº059/2013, assinado pelo prefeito de Brumadinho, Antonio Brandão, em fevereiro deste ano, ampliando o Monumento Natural da Mãe D’Água, que agora possui 500 hectares protegidos, incluindo nesta área 31 nascentes. Representando o Prefeito de Brumadinho, o Secretário de Planejamento José Bones recebeu a placa de reconhecimento pela iniciativa da prefeitura de ampliar a unidade de proteção Mãe d’Água. Ele confirmou a intenção da prefeitura de preservar todas as nascentes que abastecem o município “Nós temos uma equipe muito grande que está trabalhando pela proteção das águas de Brumadinho, não só da Serra da Moeda, mas de todas as águas de Brumadinho. Nós estamos preocupados com o que vamos deixar para as novas gerações”, afirmou.
Mas se o abraço à serra desse ano teve o gostinho de vitória, ele também teve o papel de mostrar que milhares de pessoas estão na vigília para não deixar que interesses econômicos destruam interesses humanos, ou seja, a manutenção das nascentes e da área verde são pré-requisito para continuarmos vivendo nesse Planeta.
Também estiveram presentes várias entidades ambientais do Estado, como Movimento Águas da Gandarella, Arca Ama a Serra, representantes de Santa Maria da Itabira, Mariana, Viçosa, Centro de Ecologia Integrado de Betim, entre outros, todos apoiando a luta das comunidades pela preservação da Serra.
O prefeito de Nova Lima Cassinho, anunciou durante o evento a criação de uma unidade de proteção da Serra da Calçada, que formará junto com o Mãe d’água um corredor ecológico fundamental para a preservação do meio ambiente da região. Ele afirmou: “Nova Lima é um município minerário, mas eu posso garantir que a região da Serra da Calçada será preservada, e a exploração mineral se dará em outras áreas com menor impacto ambiental.”
Também estiveram presentes a Deputada Federal Jô Morais,  os deputados estaduais, Rogério Correia, André Quintão, Almir Paraca e Fred Costa e o Vereador de BH Gilson Reis.
CORDÃO HUMANO EM FAVOR DA SERRA DA MOEDA
Músicos e grupos quilombolas e culturais da região, como os de Congado, Moçambique e Folia de Reis, se apresentaram no local e “puxaram” o abraço à Serra com o ritmo forte de seus tambores. Este ano o cordão humano se estendeu por mais de dois quilômetros na cumeeira da Serra ultrapassando em muito o número de participantes do ano passado.
Segundo a presidente da ONG Abrace a Serra da Moeda, Beatriz Vignolo, “Superamos a expectativa, foram mais de dez mil pessoas formando um cordão humano de mais de um quilômetro e meio, e agora a gente fica na expectativa que o Monumento Municipal permaneça como está, já que o prefeito vem sofrendo muita pressão, também esperamos que o nosso Projeto de Lei no Estado tenha o apoio do governador e deputados para aprovação do Monumento Estadual, um desejo das comunidades que vivem nessa região e que querem a proteção desse trecho da Serra da Moeda”.
A ONG Abrace a Serra da Moeda luta pela preservação da montanha e se opõe à exploração da mina da Serrinha. Segundo análises técnicas, o projeto de exploração da empresa, a que a ONG teve acesso por medida judicial, já que transcorria sob sigilo no Departamento Nacional de Produção Mineral (DNPM), ameaça as nascentes de água, espécies de flora endêmicas e de fauna ameaçadas de extinção. O empreendimento pretende construir instalações de alto impacto ambiental como bacia de rejeitos, pilha de estéril e usina de beneficiamento do minério, pondo em risco a sobrevivência de comunidades tradicionais que construíram há séculos sua história na região.
Localizada a 30 quilômetros da capital mineira, a Serra da Moeda abriga uma biodiversidade raríssima, com mais de 50 nascentes que servem de recarga hídrica para a Região Metropolitana de Belo Horizonte, além de espécies endêmicas da fauna e flora ameaçadas de extinção e um importante patrimônio histórico e cultural.