O ABRAÇO



O movimento abrace a Serra da Moeda nasceu em 2008 e acontece em todo dia 21 de abril, data escolhida propositalmente já que a inconfidência mineira simboliza a luta dos mineiros contra a exploração de nossas riquezas naturais.

O protesto é pela preservação da Serra da Moeda, especialmente a área que abarca a mina Serrinha, desativa há 15 anos e que impactará violentamente o entorno e Região Metropolitana de Belo Horizonte.

O objetivo é reivindicar dos nossos representas políticas públicas concretas de preservação integral da Serra da Moeda de maneira a constituí-la monumento natural. Participe dessa linda festa da cidadania ambiental. É muito importante a presença e mobilização de todos aqueles que residem, freqüentam, admiram ou se identificam com a causa. Já são três anos de luta e a cada dia o movimento se fortalece mais, junte-se a nós!


Confira abaixo notícias sobre o movimento:
http://www.otempo.com.br/otempo/noticias/?IdNoticia=76944


http://www.hojeemdia.com.br/cmlink/hoje-em-dia/minas/abraco-simbolico-no-protesto-pela-preservac-o-da-serra-da-moeda-1.107648




21 DE ABRIL DE 2010 - NOTÍCIA VEICULADA NO JORNAL TRIBUNA DA ASMAP



ABRACE A SERRA DA MOEDA

Em um cortejo puxado pelo ritmo forte das guardas de congo e moçambique, cerca de sete mil pessoas vestidas de branco se uniram em um abraço simbólico que clamou pela preservação da Serra da Moeda: foi a terceira edição do Abrace a Serra da Moeda, movimento que há três anos consecutivos vem lutando em defesa da vida na montanha.

A mobilização iniciou-se em 2008, quando a mineradora Ferrous Resources do Brasil anunciou planos de reativação da mina Vista Alegre, chamada agora de Serrinha, que há 15 anos interrompeu suas atividades, deixando enorme passivo ambiental e inúmeros problemas sociais. Criada em fevereiro de 2007 por fundos de investimento estrangeiros dos EUA, Austrália e Inglaterra, a Ferrous adquiriu cinco jazidas de minério de ferro na região do Quadrilátero Ferrífero, em Minas: Serrinha e Esperança em Brumadinho; Santanense em Itatiaiuçu; Viga Norte em Itabirito e Viga em Congonhas.

Os planos de exploração para a mina Serrinha, na Serra da Moeda, são tão absurdos quanto obscuros. Além da atividade minerária no local colocar em risco espécies endêmicas da vegetação de canga e de representantes importantes da fauna ameaçados de extinção, o plano previa inicialmente, de acordo com a empresa, a construção de uma barragem de rejeitos na região histórica de Colégio e Ribeirão, onde está situado um importante símbolo da colonização do nosso estado, a Fazenda dos Martins.

A exploração minerária no local afetará ainda inúmeras nascentes de água da região, trará poluição atmosférica e sonora, bem como modificará sobremaneira o modo de vida na zona rural de Brumadinho, destacada hoje por seu enorme potencial turístico. As implicações de ordem social, desconsideradas ou tratadas de forma leviana em projetos dessa natureza, são graves e irreversíveis. Dentre elas podemos citar a elevação do custo de vida, o crescimento da especulação imobiliária, o aumento da prostituição e da criminalidade, o inchaço e desorganização do espaço social e o comércio de drogas. Há ainda um significativo impacto na saúde dos que vivem no entorno, como problemas respiratórios, e dos que trabalham com a atividade, já que segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT), a mineração é a atividade que causa mais acidentes mortais e doenças entre seus trabalhadores.

A analista de comunicação da empresa, Maísa Alves, “o projeto da Ferrous na região da Serra da Moeda ainda está em fase de estudos de engenharia. Para se instalar no local, além da cava, são necessárias uma planta de beneficiamento, barragem de rejeitos e pilhas de estéril. Tais estruturas estão em fase de estudo de engenharia para a definição das locações. Após essa definição, a Ferrous realizará o Estudo de Impacto Ambiental”. Aí reside, de acordo com os integrantes do movimento, um dos muitos obscurantismos do projeto: em 2008 a empresa já havia proclamado o início dos Estudos de Impacto Ambiental (EIA, que é conduzido por empresa especializada) e na reunião do dia 13/04, na Câmara Municipal de Brumadinho, a Ferrous, através de seu superintendente Vitor Feitosa, reiterou tal afirmação. As visitas clandestinas de especialistas pelas terras de Gilmar Matosinhos, morador de Colégio, atestam não apenas que a empresa vislumbra sigilosamente a região em seu projeto de exploração minerária como também o faz desrespeitando e desconsiderando a comunidade que tem naquele espaço uma história enraizada há mais de 300 anos.

Diante de tamanha incongruência e negligência e a fim de reverter este quadro, um coro coletivo pela proteção da montanha foi formado no dia 21 de abril -data emblemática por representar a luta histórica dos mineiros contra a exploração iníqua das nossas riquezas - no cume da frágil e majestosa Serra da Moeda. De mãos dadas, moradores da região de Brumadinho, Nova Lima, Raposos, Belo Vale, ecologistas, adeptos de esportes como voo livre e mountain bike, entidades ligadas ao ecoturismo, escoteiros e organizações não governamentais deram seu recado aos arautos do desenvolvimento econômico pautado na injustiça e na irracionalidade e aos representantes do poder público que inúmeras vezes cedem às sedutoras cifras provenientes de projetos como o da Ferrous: não queremos mineração na Serra da Moeda!

Para Beatriz Vignolo Silva, uma das organizadoras do evento e articuladora do movimento, a proteção imediata da Serra da Moeda pode ser feita por ato do Poder Público que a declare Monumento Natural de maneira a transformá-la em uma unidade de conservação integral. Contudo para ela “falta vontade política na preservação efetiva da Serra. Diante disso, a população tem que se mobilizar, cobrando dos nossos representantes atitudes concretas de preservação da nossa região”.

Texto de Ana Amélia Lage Martins publicado no jornal Tribuna, caderno Por dentro do Vale em abril de 2010.