COMUNIDADES DE TOCA E MARICOTA AMEAÇADAS COM PROJETO DE MINERAÇÃO NA SERRINHA


Reunião na comunidade de Toca, dia 17/05: população apreensiva se mobiliza contra projeto da Ferrous

Outras duas comunidades do interior de Brumadinho estão ameaçadas com o projeto de exploração mineral da empresa Ferrous Resources do Brasil para a mina Serrinha, localizada na Serra da Moeda. Além das comunidades da encosta da Serra da Moeda e do Vale- que se opõem veementemente ao empreendimento- Toca e Maricota, localizadas às margens do Paraopeba, agora estão sob a mira do mega projeto de exploração mineral da Ferrous.
O fato foi levado ao conhecimento da população de Brumadinho durante Audiência Pública realizada na Câmara Municipal de Brumadinho no dia 27 de abril para discutir a revisão do Plano Diretor do município.
Fazendo o uso da Tribuna, Sr. Itamar Ferreira de Andrade, morador de Toca, informou aos presentes que a empresa havia ido até as comunidades manifestando sua intenção de comprar propriedades para alocação de instalações para seu empreendimento minerário. De acordo com ele, a empresa já estaria iniciando uma negociação de terras, através da empresa Compreender, responsável por intermediar o contato da Ferrous com as comunidades. “Segundo a Compreender, as comunidades teriam um prazo de 60 dias para que os moradores reunissem determinados documentos e que, a partir do dia 2 de maio, um equipe especializada iniciaria a avaliação preliminar do valor das terras. Fomos informados de que, na inexistência de um acordo entre as partes, as terras seriam desapropriadas para cumprir o projeto da mineradora.”, afirmou Itamar.
Consternadas, as comunidades de Toca e Maricota se reuniram, no dia 7 de maio para discutir o assunto juntamente com outras comunidades mobilizadas para o enfrentamento da questão, representadas pela ONG Abrace a Serra da Moeda. Na ocasião estiveram presentes também o Prefeito de Brumadinho, Nenem da Asa, a Secretaria de Educação, Sônia Barcelos, a vereadora Lilian Paraguai, além de lideranças comunitárias locais.
Do lado da Ferrous, a novidade é a mudança do nome do projeto Serrinha para Serena, estratégia discursiva bastante utilizada pelas empresas do setor minerário quando se veem protagonistas de um intenso conflito que coloca o empreendimento em xeque, como é o caso da Serrinha.
“Em Toca e Maricota possivelmente será instalada a bacia de rejeito, antes prevista para a região de Colégio”, afirmam especialistas na área.
Na reunião o Prefeito Nenen da Asa assinalou seu desconhecimento em relação à mudança do projeto da Ferrous e da intenção da empresa em utilizar terras em Toca e Maricota para alocação de suas instalações. “Fiquei sabendo que a comunidade esteve presente na Câmara de Vereadores pedindo ajuda aos vereadores e ao prefeito e eu estou disposto à ajudar”, afirmou o prefeito, assinalando que seu posicionsamento não é contrário à atividade minerária, “desde que seja feita com responsabilidade”, ressaltou.
O chefe do executivo municipal destacou ainda que “a Ferrous não tem direito de desapropriá-los e eu, como prefeito, jamais farei isso”.
Para Wanilda Pinheiro, da comunidade de Córrego Ferreira, “teria sido muito mais importante para as comunidades que lá se encontravam ouvir do Sr. Prefeito a promessa do decreto, criando o Monumento Natural da Serrinha, completo, sem restrições e, sem duvida, mais apropriado, naquele momento de grande angústia para o povo, que deixasse a apresentação sobre seus 2 anos de mandato para outra ocasião”.

Por Ana Amélia Lage Martins. Matéria originalmente publicada no Jornal Tribuna, maio de 2011.